quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Adivinhar...

Houve uma altura em que me disseste aquilo que eu te ia dizer. E quando te contei, respondeste:
- Estava a adivinhar-te.
Estavas a ler-me e a reler-me até que as palavras nos meus olhos fizessem sentido para ti. Estavas a tentar passar pelos sorrisos para descobrir algo mais: aquilo que fica atrás do que digo sem pensar. Estavas a convidar-me a abrir a porta para te mostrar a minha casa. Estavas a adivinhar-me porque estavas a tentar conhecer-me. Às vezes penso que conseguiste.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Crítica: 50 tons de Cinza

Sei que gostos, cores e amores não se discutem, mas, ai vai minha opinião pessoal... Considerado como um Best Seller e indicado por uma pessoa que do meu circulo de amizades, resovi começar a ler o tal livro... "Cinquenta tons de Cinza", Resultado? Parei ao final do sexto capitulo! Achei que era a tradução que era mal escrita, por ter sido comentada, inclusive, entre amigas essa possibilidade, erro meu, a versao original, britanica, consegue ser pior! Talvés meus tons literarios não combinem com este tipo de livro, mas, me senti lendo uma revistinha "Karina" ou, "Sabrina" que vendem em todas as banquinhas na praia e, que minha mãe foleava duas páginas antes de dormir e não aguentava mais, simplesmente para "exercitar" o hábito de leitura. Este como primeiro ponto. Ainda, novamente pedindo perdão às amantes deste livro, não tenho palavras para descrever como algumas pessoas podem se envolver com uma leitura onde "eu te dou coisas caras e vc me dei...
xa te bater"! Não acredito, talvés deva acreditar, que alguem seria hipócrita a ponto de aceitar tal situação, mas retratar violência domestica como um "romance"? Não sou feminista, mas, acredito, sim, em respeito e, esta "coisa" que determinaram como literatura, simplesmente, para mim, não me atrai como algo passível de dedicar meu tempo. Não pelo "tapinha não doi", mas pela inversão de valores à qual: "Te dou meu corpo em troca de valores materiais". Antes de me baterem, preciso deixar uma coisa clara. Não tenho nada contra livros direcionado a algum tipo de público. Gosto de todos os tipos de literatura. Até hoje não tive preconceito especifico, e algumas são simplificados e possuem histórias superficiais e bonitinhas, nada além do óbvio, como Crespúsculo. E, este é um livro com um romance clichê "bonitinho" acrescido de algumas cenas picantes de sado. O problema reside quando um livro de gosto absolutamente duvidoso é colocado como literatura adulta (violência) com o objetivo claro de ser apreciado por jovens – mesmo menores de idade, no caso deste. Com uma leitura tão simples, sem complexidade e superficial, é lógico que adolescentes se interessarão pela história, e o texto não é recomendado para esse público. Sem mais delongas, a história é absolutamente irritante, assim como os personagens. Não recomendo. A narrativa, como eu já disse, é exaustiva e extremamente lenta. Se você, como eu, tiver o azar de ler essa história, boa sorte! Você vai precisar! Aos que gostaram, repito, é minha humilde e mortal opinião! Querem algo realmente envolvente? Como sugestão, indico "O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde"

Falta

Escolhe um caminho, mas nunca o sigas por muito tempo. Afinal, muitas coisas mudam como as estações. Sempre que possível escolhe outro caminho mas não vás por atalhos. O mais fácil é sempre o mais difícil. Não vás arranhar o coração e alma. Escolhe um local e uma música favorita mas não deixes tocar por muito tempo. O banal é demasiado enfadonho. Vai procurando a música certa para o momento certo. Escolhe um amor mas não ames sempre igual. Ama mais, ama diferente. Nem as folhas que caiem da mesma árvore, no mesmo Outono, são iguais. Se reparares, cada uma tem a sua textura e a sua cor. Ama muito, com texturas de madrugada solta nos cabelos, de sonho inacabado, com raiva ou com ternura. Mas ama, afinal a vida não é grande coisa sem paixão. Mas quando falo em paixão refiro-me não só ao amor de amantes. Amor de amigos, Amor de amar, Amor da vida. E digo paixão não com o sentido original de sofrimento. Paixão de ser feliz. Escolhe um sorriso, mas não negues as lágrimas. Afinal, tal como a sombra que nos acompanha, a alegria vem sempre acompanhada de rasgos de tristeza, que nos fazem tomar consciência de como é bom estar feliz. Porque felicidade é um estado, jamais uma certeza. Em tudo o que faças e em todas as escolhas, recorda que na vida (quase) tudo é possível de ser sujeito a uma nova transformação, a uma nova escolha, a um novo retrocesso ou avanço. Poque hoje, é dia de incertezas e, sinto muita falta!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Perdoa...

Perdoa-me as vezes que choro,
perdoa-me também quando coro.
Não ligues à frieza da lua,
perdoa-me por não ser tua.

Não ouças o múrmurio do rio,
nem queiras calar um rouxinol,
corre na noite um vento frio,
a lua encolhe-se, chora pelo sol...

Perdoa aquela folha que caiu
da árvore que tanto a precisava.
Perdoa o amor que desiludiu
quando soube que te amava.

Perdoa este meu receio
que não me querias perdoar
e a estrada quase no passeio
que não queria incomodar..

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Minha casa


Sejam bem-vindos, esta é a minha casa. O meu coração aberto de par em par, mas, somente cabe um nome transcrito nele. Eu? Uma alma de mil almas consumadas em chama, de medo. Sou o que quiseres que seja, o que pensares que sou e, ainda assim, muito menos do que aquilo que poderei vir a ser, mas, sou sua. Sou um caminho feito de vários desvios, mas, com uma só chegada e, particularmente, nesta madrugada, zigzagueando por corredores. Uma personalidade fragmentada em momentos. E de repente, enquanto descia as escadas em meio ao temporal, me senti tão igual a todos os outros daquela daquela cidade, tive saudades de um tempo em que vivi menos do que gostaria. Precisei ir vislumbrar um copo de vinho. Penumbra iluminada pelos maiores génios da pintura e da poesia em forma de livros empoeirados, dispostos de forma continua em estantes. Hoje é só o momento-poesia. Cada palavra aqui escrita é uma parte de mim, uma tentativa de explicar algo que nunca poderá ser contado. Tive saudades do tempo de brilho nos olhos e passeios à chuva, de uma cidade que nunca vivi, apenas passei de mãos dadas. Desejei que a auto-estrada se transformasse nos imensos campos elisíos, mas acabei no outro lado do sofá, em plena madrugada do dia 30! Eu própria. Sejam bem-vindos, já disse. Apaixonada! A esta peça de teatro em que sou apenas uma personagem secundária à procura do seu papel principal. Uma verdade que se assemelha a tantas mentiras. Uma música perdida do solfejo, que vai chorando e sorrindo notas à deriva, que derivam apenas de mim e você. Noite cinzenta dos tempos de agora. E tudo se perdeu em duas horas de ilusões, nas palavras de Woody Allen. Um caminho sempre de regresso a cama do meu coração, já que a minha alma é uma estrangeira perdida no meu pequeno e proscrito… labirinto de Fauno. Chega de insônia por hoje, por você! (30/10/2012 - 03:48 a.m)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Devaneios à Educação

Estamos vivendo uma época desregrada, mas encharcada de valores efêmeros. Na volatilidade da sociedade atual, pesos e medidas são instantaneamente dissolvidos e termicamente evaporados. O mundo está fragmentado e precisa urgentemente ser reeducado a conviver em harmonia com os bens enaltecedores de uma civilização igualitária e mais humana. Me percebi estarrecida!
Há um patético e crescente recolh...
imento ao instinto animal, de retrocesso à era do primitivismo. Ao agir como macaco (pobre animal a qual nos comparo), o homo sapiens não mais se diferencia das feras, dos selvagens, dos animais irracionais… Devemos reaprender a lição que nos deu a natureza, ao longo de mais de quinhentos mil anos de evolução biológica, e repensar o modelo social dela decorrente.
As pessoas – de um modo geral e independentemente de posições geográficas, papéis sociais, guetos culturais ou células econômicas a que pertençam ou representam – estão dizendo “não” ao diálogo, à emoção, ao sentimento e à própria razão lógica… De forma automática e condicionada, caminham como se fossem robôs de uma linha de montagem de uma fábrica capitalista, em direção às aspirações materialistas programadas por sujeitos mentecaptos e cérebros corroídos, por mentes cirróticas. Quando acordarem da vacuidade desse pesadelo, vão sentir o cansaço do vazio. Diante do nada irão dispor, além do desejo mórbido de experimentar prazeres mundanos, nos quais poder e fortuna se acasalam em concubinato contra o bem-comum.
Nesse contexto, os meios se confundem com os fins, causa e efeito se misturam e o mal quase sempre vence o bem. A inversão de valores reflete o tufão de uma sociedade consumista e globalizada, onde os interesses maiores de seus indivíduos-partícipes gravitam em torno da força bruta e cuja consciência está prestes a desabar sob as ruínas de um cenário fraudulentamente arquitetado, ou melhor, já o estamos vivenciando. Enquanto isso, os atores coadjuvantes, personagens secundários desse teatro de fantoches, tentam convencer e converter os ainda não adeptos ao ideologismo sofismático de suas alienações hegemonizacionistas.
Esta, lamentavelmente, é a ótica da realidade catastrófica com que nos deparamos. É o homem sendo draconianamente tragado e engolido – no corpo, na alma e nos seus mais nobres valores intrínsecos – pela ambição, ganância e outras figuras típicas de uma competição espúria.
Na mesma cordilheira, insere-se a famosa moralidade, estamos no fundo do poço, se não o ultrapassamos, meus amigos!
Todos os anos, tragédias acumulam-se como papéis em cima de mesas e, damos mais importância a roupa do dia seguinte ou, o que irá acontecer na novela das 8! Será que ninguém cansa de ser alienado? Ninguém percebe genocidios? E os homicios? Alguem reparou nos suicídios morais que são acometidos em cada esquina sob o nome de “bons costumes”?
E a Escola? Depois dos pais (neuróticos, subprodutos desse mundo louco), tornou-se vendilhona da pátria, se os filhos da nação caminham sem rumo, se homens públicos vendem a consciência (por propinas, mensalão, mesadas, superfaturamento, subfaturamento…) e todos se agarram ao ter e ao poder a qualquer preço, resta-me, perplexa e desolada, diante do apocalipse social, dessa comédia humana, parafrasear o inexcedível Shakespeare: ser ou ter, eis a questão… ou como Custódio Bouças: “quando a educação perde o rumo, a sociedade se corrompe…”

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

«Prometo»

Não costumo falhar às promessas que te faço, e ponho toda a verdade em cada palavra, sílaba, ditongo e frase que te digo. Prometi-te que voltava a pegar na escrita e a fazer dela minha. Como se as palavras tivessem donos, assim como os corações. São apenas fragmentos que vamos segurando nos dedos, peças que nunca completam verdadeiramente um "puzzle" mas que insisto em tentar juntar. Se ...
estou a falar do meu coração ou das palavras? Talvez dos dois. Possivelmente de mim. Sou um puzzle sem sentido, mas tu és a peça chave para me completar. O amor é como o vinho sabes? Quanto mais velho melhor. O nosso tem amadurecido como uma boa garrafa de vinho tinto. Mas os corações, meu querido, nunca terão dono. São almas mordazes e dífíceis, que batem ao ritmo de uma canção. A música do meu coração está sempre a mudar, ora rápida, ora lenta, ora feliz, ora triste.
Ta na na na na. Ti ri ri ri. Tantas canções, todas elas ao ritmo da mesma letra do nosso amor.
 Mas o coração é complicado. Há dias que sei que te amo com plenitude, tudo é cor-de-rosa. Mas, em outros, o coração fica emburrado, tudo é motivo de uma pequena rixa. Há dias que me apetece gritar, esbraçejar e partir rumo a lado nenhum sem saber porquê. De encontros e desencontros tornados acaso. Sou uma alma estranha, que se entranha no amor e na paixão. Hoje, é o dia que desejaria um colo!
Mas eu «prometo». Prometo que te amo e eu não falho às minhas promessas. Te digo «vou amar-te para sempre», e então, já sabes. Para sempre é o tempo que te resta para ouvires as muitas melodias do meu coração, que tal como as palavras, teremos sempre de conquistar. Peço as letras emprestadas ocasionalmente e faço delas o meu acaso feliz. Sem elas e sem ti, sou só um fragmento, uma peça num tabuleiro de xadrez, sem nunca poder fazer xeque-mate à você, que é meu rei.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Minha Esfinge...

“Você é minha esfinge!”, disse um amigo à ela, tamanho era seu mistério. E, para ela, não havia outra definição que pudesse defini-la melhor: um enigma nunca antes desvendado, tal como a esfinge de Édipo. Reclinada em sua poltrona, ela recebia essa mensagem com a estranha sensação de resignação, como se ainda não tivesse nascido ainda alguém que pudesse compreendê-la. Ela era o maior desafio para terapeutas, amigos e, sobretudo, para ela mesma.

Não que ela fosse a pessoa mais complicada do mundo, longe disso. Também não era a pessoa com mais problemas do que as outras, embora tivesse seus dramas. Não tinha um gênio indomável, tampouco era fria:. Não pecava pelos excessos, pelo contrário: sua fala é mansa, suave, quase que embalando uma melodia, embora se esconda um vulcão, um tsunami. Por trás dos seus olhos serenos e seu sorriso contagiante, encontravam-se terremotos, maremotos e chuvas torrenciais. Talvez esse fosse justamente o problema: só ela sabia dessa ambigüidade, mas se continha a tal ponto que até ela, por vezes, se esquecia do que ela era.

Talvez ela possuísse uma imagem parcial, incompleta, de si mesma e se assustava sempre que os seus outros lados, como aquele mais obscuro e o mais impulsivo, apareciam. E eles sempre aparecem, pois a natureza sempre põe à tona aquilo que tentamos esconder de nós mesmo, não importa como. E como ninguém gosta de viver de sobressaltos, ela se protegeria a sua maneira: uns diziam que ela se fechava em uma concha, outros diziam que ela colocava dezenas, centenas de camadas a sua volta, assim como uma cebola.
 
Todos nós temos diversos “lados”, facetas. Não seria exclusividade só dela. Todavia, há formas e formas de revelá-los. Alguns simplesmente deixam essas facetas fluírem naturalmente, sem controle prévio ou censura. Impulsivos, por mais organizados que sejam cada minuto é uma grande surpresa pra eles: não se sabe como irão reagir a um gesto, uma palavra, um olhar do outro ou de si mesmo. Outros, por sua vez, controlam cada passo que irão dar: está tudo arquitetado, evitam o improviso que a impulsividade obriga a ter. Cada palavra dita é proferida devidamente pensada e repensada, cada gesto é filtrado e não foge a seu controle. Mas como a natureza sempre põe à tona aquilo que tentamos conter, sempre que se há um lapso e ela se escapole de sua concha, sempre que percebe que a cebola sendo descascada muito rápida ou profundamente, ela se fecha cada vez mais, seja em uma concha mais resistente, seja em uma cebola com mais camada.

Mas não seria o fluxo da vida abundante demais para se passar por um eterno e rigoroso controle? Tentar viver em um casulo é como controlar um vazamento com chiclete: uma hora não vai segurar mais, vai arrebentar. E a vida pode ficar tão mais divertida, tão mais colorida quando deixamos o impulsivismo aparecer em nossas vidas: quando falamos aquilo que queremos falar, que digamos bobagem, quando agimos passionalmente mesmo que depois fiquemos vermelhos de vergonha do que fizemos. Que nos apaixonemos e desapaixonemos. Quando agimos antes de pensar, quando não pensamos nas conseqüências. Enfim, não é ser irresponsável, é ser humano, é ter vida. E Talvez ela saiba disso: há uma certeza quase geral de que nem o melhor dos psicólogos vai dizer alguma coisa sobre ela que ela já não saiba. Mas, assim mesmo, ela continua sendo um desafio para si e para os outros: qual a razão para tanto domínio de ímpeto? Seria medo de ser feliz de uma forma diferente do que passou a vida planejando? Desfazer os castelos de areia da alma é tão doloroso quanto perder parte do corpo, e nem todos estão preparados para isso.
 
Só aqueles olhos calmos que escondem uma grande ressaca do mar seriam tão mais belos se permitissem que fôssemos engolidos por suas gigantes ondas. Que aquela fala carinhosa que acalma o seu ouvinte também se permitisse queimá-lo com as lavas do seu Vulcão. Que a mão que acalenta se permitisse colocá-lo no meio de um terremoto. Mas para ela pode ser que seja mais forte que ela desviar-se do assunto quando ele vai entrar em uma área onde ela não tem total controle. Ou que é mais forte que ela desconfiar de alguém que apenas quer conhecê-la, pois não existe amizade sem conhecimento do outro. Talvez, para ela, perceber que no meio de uma conversa, o outro está perto de si mesma, em uma área perigosíssima, a do seu eu desprotegido, ambíguo, sem máscaras, é tão assustador que a faz usar qualquer arma para despistar, fugindo logo em seguida. Talvez, quando ela sai da conversa, foge não por ser covarde, mas porque não se sente confortável para se abrir para o outro. Mas como se sentir confortável quando não se abre espaço? Embora sempre risonha, fazê-la sorrir aquele sorriso verdadeiro, de dentro pra fora, aquele que mostra a janela secreta da alma, seja para muitos dos seus queridos uma vitória.

Mas, apesar de tudo, é justamente nesse ser contido que se guarda um charme, algo que atrai as pessoas a quererem conhecê-la melhor. Arrasta-nos para uma grande areia movediça, prendendo ali eternamente sem nunca ter certeza completa de que a realmente conhece. Talvez este seja o segredo dessa esfinge pós-moderna: descobrir uma senha que nos livre dessa incontrolável compulsão em desvendá-la ou que a faça sair de sua concha ultra-resistente. Por mais que seja meio exagerado dizer que ainda não nasceu um Édipo para desvendar esse enigma, o fato é que ainda não ele não foi encontrado. Esse ar misterioso, contido, pode ser justamente uma escolha dela, que permitirá a apenas a alguns privilegiados, que possuindo a resposta do seu enigma, tem as chaves de seu coração e mente. Que por trás daquela fachada quieta e serena, existia uma intensidade explícita em seu viver. Ou será que sua intensidade esta circunscrita aos suas loucuras secretas? Daria pra viver certas loucuras de vez em quando sem necessariamente romper as barreiras do seu casulo? Enquanto isso não acontecia, ela poderia estar se deliciando em devorar meros mortais extremamente curiosos em desvendá-la, bagunçando suas cabeças metidas a analistas freudianos.
 
Depois de sua resignação inicial, e reorganizando seus pensamentos, ela, com um sorriso no canto na boca, fala para uma confidente e surda tela: “É, talvez eu seja uma esfinge! Decifra-me ou te devoro!”.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Quinta-feira costuma ser um dia de expectativas, está chegando a sexta-feira, porém, ainda temos de passar por 48 horas antes de podermos desfrutar de um final de semana de descanso, família, para alguns e, para outros, de diversão, encontros...
Porém, meu dia ontem foi marcado por um fato que merece um agradecimento especial, talvés não hajam palavras como as encontradas logo às primeiras páginas folheadas ou, pela expressão vista em meus familiares ao verificarem verosemelhanças e tracejarem marcas de um passado comum e exporem sentados ao meu lado.
Em meio a meu endredon branco e lilás e, meus sapos de pelúcia espalhados pela cama, aquele embrulho na cor parda atingiu minha atenção! Com uma certeza mas, com expectativas, adquiri aquele semblante quase que infantil e corri para junto de meus avós para abrir o embrulho. Nestes momentos, conseguimos retirar toda a atenção da família, até mesmo de um capítulo da Novela (acredito que eu seja a única pessoa a não assistir televisão na casa, em sendo assim, custumo atrapalhar este remerão, em dias que não estou na faculdade).
Abri com cuidado o embrulho, tenho um hábito secular de guardar cartas e envelopes. Aproveitando o ensejo, um dos pontos negativos é dizer que que, infelizmente, a era digital retirou esta singularidade, pessoalidade da comunicação.
“Surpresa”, em menos de uma semana de contato, como o prometido, por esta pessoa que se mostrou um Mestre, em cultura, respeito e, como uma pessoa que, em suas palavras ensinou, a mim e, a todos que porventura tiverem o prazer de ler, e adquirir, suas obras. Recebi, como presente, suas duas obras literarias “Segredos de Passaporte” e “Segredos de Passaporte 2”.
Acredito que meus olhos tenham brilhado, na verdade, tenho certeza do fato, tal presente foi recebido, tendo em vista um contato pelo facebook onde, pelas primeiras vezes publiquei pequenas prosas e pensamentos de minha autoria e, obtive comentários de incentivos deste escritor maravilhoso, graças a ele, assim como a minha família e amigos especiais, retomei o antigo hábito de, parar e escrever...
Tanto quanto a mim, estes livros causaram frisson em meu avô, ao qual, prontamente, tomou emprestado um dos livros, sem sequer perceber cronologias e, partiu para uma leitura, ali mesmo, no meio da sala e, passados alguns momentos, refletiu, “As vidas se cruzam Gabi, no meu tempo, também passei por muito do que hoje o Américo conta nestes livros, gostaria lê-los”.
Bingo! Existe algo melhor? O prazer da leitura é contagiante e, a considerar que um livro consegue, em suas primeiras páginas, causar tamanha reação, estou ávida para continuar minha viagem literária. Em sendo assim, saiba que, quando terminar minha leitura, poderei me manifestar melhor sobre as obras, porém, desde já informo que estou muito curiosa sobre o capítulo “A Falsa Primavera”, comentado em uma das fotos.
Gostaria de encerrar este agradecimento com dois pontos, o primeiro é não ter palavras para agradecer toda a revolução cultural que o senhor, Mestre Américo Ribeiro Mendes Netto causou, muito obrigado por ter notado em mim cultura, por ter dado atenção aos meus pensamentos, pelo bom dia, pela educação a mim autorgada, obrigado pelas palavras que contribuiram para o meu crescimento e, por ter me feito agradecer! Obrigado!
Como segundo ponto, assim como colocaste em seu segundo livro uma frase se Amyr Klink, gostaria de transcrever uma frase que, para mim, significa muito, seja pelo autor, que me acompanha, desde a infância, quanto pelo que hoje seu significado me representa:
'“As pessoas podem ser dividas em três grupos: Os que fazem as coisas acontecerem; Os que olham as coisas acontecendo; E os que ficam se perguntando o que foi que aconteceu. Nosso caráter é aquilo que fazemos quando achamos que ninguém está olhando. Nunca deixe de ter dúvidas, quando elas param de existir é porque você parou em sua caminhada.”
(Antoine de Saint-Exupéry)

Não Deixem de Visitar: www.segredosdepassaporte.com


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

 
 
SAUDADE, filha do tempo, irmã da vida e prima da solidão. Uma fotografia mostra-me um sorriso que me conta uma história, faz-me chorar, dá-me um aperto no coração, um vazio na alma... Dá-me saudade, talvez por saber que nunca mais vou viver aquele momento, não daquela maneira, não com tanta intensidade...
As fotografias servem para guardar os momentos que temos medo de esquecer. Porque há momentos que esquecemos, alguns por queremos, outros por traição de memória, não conseguimos tirar dos pensamentos. E quando encontramos fotografias que traduzam esses momentos que pensamos guardados, sentimos um cubo de gelo escorregar pelo coração, descobrimos, afinal, que não estavam esquecidos, mas apenas escondidos no fundo da nossa alma. O que, de fato, é quase a mesma coisa, por estarem escondidos, não os sentimos e, por não os sentirmos julgamo-los esquecidos. E será que há esquecimento? Ou serão apenas momentos escondidos, adormecidos por momentos mais ...
recentes? Se houvesse esquecimento não poderia haver saudade! Não se sente saudade de algo esquecido. Paramos e olhamos para essas fotografias, com mais atenção que nunca, sorrimos e num arrepio fazemos com que o cubo de gelo derreta.
Saudade, algo que o tempo não apaga, pelo contrário, cria expectativas. Saudade, sim, filha do tempo, irmã da vida. Algo muito presente neste mundo cruel, pela crueldade dos homens. Tem de ser assim, o mundo ensina-nos a viver e não é só com alegrias que se aprende, também se aprende com a tristeza, as derrotas tornam-nos mais fortes, a saudade faz-nos continuar a caminhar.
Desistir de continuar é admitir que a saudade nos venceu, nos deitou abaixo, apagou o futuro e fez-nos viver para sempre num doce passado. A saudade estabelece um limite intransponível com correntes de lembranças, lembranças suaves e alegres. Ter saudade é recordar as coisas boas, não as más, porque dessas ninguém se lembra, ninguém se quer lembrar.
A saudade não morre sozinha num coração, leva consigo um pedaço de alma de cada um. Vai-nos matando aos poucos. Sutil e dolorosamente arranca-nos uma lágrima por cada sorriso do passado, e, vale cada lágrima.
A saudade, essa amiga que levamos pela mão, trai-nos à primeira hipótese e remexe com tudo o que há em nós, tudo o que vivemos, tudo o que somos... Arranca-nos da realidade e faz-nos voar entre o sonho e a verdade.
Saudade, sim, filha do tempo, irmã da vida e prima da solidão. Quem morre em saudade, morre sozinho, morre na saudade de não sentir saudade, de estar só... Pois, quem teve saudade, teve momentos e momentos, não se vive só!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sentimos...

Cada beijo, cada olhar e cada gesto como se fosse só nosso. Como se pudesse durar para sempre. A cada passo despreocupado, a cada sorriso involuntário caímos na certeza construída de que desta vez acertámos, que desta é que é. As ilusões são tão próximas daquilo que acreditamos ser verdade que vamos, de sorriso nos lábios e olhar inocente, como se não conhecêssemos o perigo. Vivemos no céu e no inferno, no calor dos sorrisos e no gelo das lágrimas, numa montanha-russa de sentimentos à qual vão saltando parafusos nas suas contínuas viagens. Mas vamos, contra a maré, a sorrir, a tentar convencer todos os que nos rodeiam de que sabemos o que estamos a fazer de que temos a certeza. Às vezes estamos certos. Às vezes sabemos o que estamos a fazer... mas na maioria das vezes estamos apenas a arriscar às cegas na esperança de sair ilesos de uma luta injusta que não envolve armas. Mas muitas vezes a realidade cai-nos nos ombros como um piano lustroso com o peso de todas as dúvidas, todas as palavras escondidas, todos os silêncios desiludidos. E nós sorrimos. Continuamos. Fingimos que estava tudo previsto e que o comboio não saiu dos carris. Será que um dia vamos acordar e perceber que já nem sequer somos nós a conduzir o comboio? Saibamos ao menos, guiar as rédeas sabiamente...
Ótima quarta!

terça-feira, 31 de julho de 2012

Há dias...

Há dias que não pedem licença. Vão entrando lentamente no nosso futuro e encaixam-se na bainha das semanas, onde ninguém se lembra de procurar. Há dias que, de tão pouco dias que são, são quase uma afronta ao ritmado e infalível calendário.
Há dias em que as palavras se esquecem de ser palavras e os olhares deixam de ter significado. Nesses dias, os gestos não bastam, os planos não servem como alicerces para construir o amanhã e as meias-palavras são só uma desculpa para fugir de tudo o que nos assusta. São desabafos por terminar, ataques mal desenhados que se reescrevem em repetição contínua e que nunca conseguem chegar ao fim. E hoje não me bastam meias-palavras e nem, meias pessoas, portanto, ou, seja completo ou, que não me apareça até a certeza de ser quem és...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Não Quero SÓ Palavras...

(...)Eu li a poucos dias que só escreviam coisas de amores ideais, de sentimentos irreais, de contos de fadas com sapatinhos de cristais que cabiam perfeitamente no pé número 34. Mas, por que? Eu calço 34 e não encontrei meu sapatinho! Amo ...fadas - tenho algumas tatuadas - mas meu conto nem sempre termina o dia com um final feliz, por vezes, existem lágrimas, vontade de gritar... Meu principe sequer conhece ou faz questão de agir como um sapo, e não é no bom sentido - pois eu adoro sapos - é no pior dos sentidos, ao ponto de me magoar e não perceber! Hello! Não estou apaixonada só pelo fato de escrever simples palavras bonitas, é que para mim, gostar de alguém é como se o tempo estivesse parado e, porquanto eu sentia o amor, tracejava aquilo que sentia como se eu ainda estivesse vivenciando cada momento... Palavras nada mais são do que reflexos de atitudes e, não, desculpas para estas! Onde esta o Espelho Mágico? Ó! Existe alguém mais dramática diria ele, mas eu simplesmente responderia: Não estamos em um livro que podemos apenas virar a página ou apagar, aqui, Querido Espelho, os dias passam, os erros retornam e o coração volta a se magoar! Podemos aguentar por quanto? Não quero SÓ palavras(...)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Who!

"(...)Queria saber onde estão aquelas pessoas de verdade, que a gente não compra mas também não vive sem. Aquele amigo que mudou para o outro lado do mundo mas você não pensa duas vezes antes de pegar o carro, o ônibus ou o avião e fazer uma visita. Só olhar para ele, sentar ao lado, ouvir a voz, faz tudo ficar mais feliz.
Algumas pessoas simplesmente valem a pena.
Queria saber onde é que está aquele tipo de namorado que você não veste para se exibir mas despe para provar só pra si mesmo o quanto é feliz. Que você não desfila ao lado, mas leva dentro do peito.
Que você não compra, consome, negocia ou contrabandeia. Mas se surpreende quando ganha de presente da vida.
Aquele tipo que você não usa para ser alguém e justamente por isso acaba sendo uma pessoa muito melhor.
Não culpo pessoas, lugares e sentimentos que se vendem e muito menos me culpo por viver pra cima e pra baixo com minha sacolinha de degustações frugais. É o nosso mundo moderno cheio de tecnologias e vazio de profundidades.
Mas hoje, só por hoje, vou sair de casa sem minha bolsa. Vamos ver se acabo conhecendo alguém impagável.
Queria saber onde estão as pessoas que não mudam, quem mantem aquela essência, ainda que boba, mas que sincera.
Percebi que algumas das pessoas que valem a pena, fazem falta e que, algumas que criamos expectativas pela amizade leve que existia, mudaram, toranam-se vazias e/ou, vivas em seus próprios mundos.
Não culpo ninguém por mudar.
O mundo esta em constante transmutação, mas, sou antiquada, ainda que eu mude, mantenho a veracidade e a sinceridade de algo simples.
Friso, refriso, pulo e me alegro em gritar, fiasquenta mesmo:
Não somos o IT e sim, o WHO(..)".