Sejam
bem-vindos, esta é a minha casa. O meu coração aberto de par em
par, mas, somente cabe um nome transcrito nele. Eu? Uma alma de mil
almas consumadas em chama, de medo. Sou o que quiseres que seja, o
que pensares que sou e, ainda assim, muito menos do que aquilo que
poderei vir a ser, mas, sou sua. Sou um caminho feito de vários
desvios, mas, com uma só chegada e, particularmente, nesta
madrugada, zigzagueando por corredores. Uma personalidade fragmentada
em momentos. E de repente, enquanto descia as escadas em meio ao
temporal, me senti tão igual a todos os outros daquela daquela
cidade, tive saudades de um tempo em que vivi menos do que gostaria.
Precisei ir vislumbrar um copo de vinho. Penumbra iluminada pelos
maiores génios da pintura e da poesia em forma de livros
empoeirados, dispostos de forma continua em estantes. Hoje é só o
momento-poesia. Cada palavra aqui escrita é uma parte de mim, uma
tentativa de explicar algo que nunca poderá ser contado. Tive
saudades do tempo de brilho nos olhos e passeios à chuva, de uma
cidade que nunca vivi, apenas passei de mãos dadas. Desejei que a
auto-estrada se transformasse nos imensos campos elisíos, mas acabei
no outro lado do sofá, em plena madrugada do dia 30! Eu própria.
Sejam bem-vindos, já disse. Apaixonada! A esta peça de teatro em
que sou apenas uma personagem secundária à procura do seu papel
principal. Uma verdade que se assemelha a tantas mentiras. Uma música
perdida do solfejo, que vai chorando e sorrindo notas à deriva, que
derivam apenas de mim e você. Noite cinzenta dos tempos de agora. E
tudo se perdeu em duas horas de ilusões, nas palavras de Woody
Allen. Um caminho sempre de regresso a cama do meu coração, já que
a minha alma é uma estrangeira perdida no meu pequeno e proscrito…
labirinto de Fauno. Chega de insônia por hoje, por você!
(30/10/2012 - 03:48 a.m)
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