terça-feira, 23 de outubro de 2012

Devaneios à Educação

Estamos vivendo uma época desregrada, mas encharcada de valores efêmeros. Na volatilidade da sociedade atual, pesos e medidas são instantaneamente dissolvidos e termicamente evaporados. O mundo está fragmentado e precisa urgentemente ser reeducado a conviver em harmonia com os bens enaltecedores de uma civilização igualitária e mais humana. Me percebi estarrecida!
Há um patético e crescente recolh...
imento ao instinto animal, de retrocesso à era do primitivismo. Ao agir como macaco (pobre animal a qual nos comparo), o homo sapiens não mais se diferencia das feras, dos selvagens, dos animais irracionais… Devemos reaprender a lição que nos deu a natureza, ao longo de mais de quinhentos mil anos de evolução biológica, e repensar o modelo social dela decorrente.
As pessoas – de um modo geral e independentemente de posições geográficas, papéis sociais, guetos culturais ou células econômicas a que pertençam ou representam – estão dizendo “não” ao diálogo, à emoção, ao sentimento e à própria razão lógica… De forma automática e condicionada, caminham como se fossem robôs de uma linha de montagem de uma fábrica capitalista, em direção às aspirações materialistas programadas por sujeitos mentecaptos e cérebros corroídos, por mentes cirróticas. Quando acordarem da vacuidade desse pesadelo, vão sentir o cansaço do vazio. Diante do nada irão dispor, além do desejo mórbido de experimentar prazeres mundanos, nos quais poder e fortuna se acasalam em concubinato contra o bem-comum.
Nesse contexto, os meios se confundem com os fins, causa e efeito se misturam e o mal quase sempre vence o bem. A inversão de valores reflete o tufão de uma sociedade consumista e globalizada, onde os interesses maiores de seus indivíduos-partícipes gravitam em torno da força bruta e cuja consciência está prestes a desabar sob as ruínas de um cenário fraudulentamente arquitetado, ou melhor, já o estamos vivenciando. Enquanto isso, os atores coadjuvantes, personagens secundários desse teatro de fantoches, tentam convencer e converter os ainda não adeptos ao ideologismo sofismático de suas alienações hegemonizacionistas.
Esta, lamentavelmente, é a ótica da realidade catastrófica com que nos deparamos. É o homem sendo draconianamente tragado e engolido – no corpo, na alma e nos seus mais nobres valores intrínsecos – pela ambição, ganância e outras figuras típicas de uma competição espúria.
Na mesma cordilheira, insere-se a famosa moralidade, estamos no fundo do poço, se não o ultrapassamos, meus amigos!
Todos os anos, tragédias acumulam-se como papéis em cima de mesas e, damos mais importância a roupa do dia seguinte ou, o que irá acontecer na novela das 8! Será que ninguém cansa de ser alienado? Ninguém percebe genocidios? E os homicios? Alguem reparou nos suicídios morais que são acometidos em cada esquina sob o nome de “bons costumes”?
E a Escola? Depois dos pais (neuróticos, subprodutos desse mundo louco), tornou-se vendilhona da pátria, se os filhos da nação caminham sem rumo, se homens públicos vendem a consciência (por propinas, mensalão, mesadas, superfaturamento, subfaturamento…) e todos se agarram ao ter e ao poder a qualquer preço, resta-me, perplexa e desolada, diante do apocalipse social, dessa comédia humana, parafrasear o inexcedível Shakespeare: ser ou ter, eis a questão… ou como Custódio Bouças: “quando a educação perde o rumo, a sociedade se corrompe…”

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