sábado, 31 de julho de 2010

Decifra-me...




Não venha me falar de razão,
Não me cobre lógica,
Não me peça coerência,
Eu sou pura emoção.
Tenho razões e motivações próprias,
Sou movido por paixão,
Essa é minha religião e minha ciência.

Não meça meus sentimentos,
Nem tente compará-los a nada,
Deles sei eu,
Eu e meus fantasmas,
Eu e meus medos,
Eu e minha alma.
Sua incerteza me fere,
Mas não me mata.
Suas dúvidas me açoitam,
Mas não deixam cicatrizes.

Não me fale de nuvens,
Eu sou Sol e Lua,
Não conte as poças,
Eu sou mar,
Profundo, intenso, passional.
Não exija prazos e datas,
Eu sou eterno e atemporal.

Não imponha condições,
Eu sou absolutamente incondicional.
Não espere explicações,
Não as tenho, apenas aconteço,
Sem hora, local ou ordem.
Vivo em cada molécula,
Sou o todo e sou uno,
Você não me vê,
Mas me sente.

Estou tanto na sua solidão,
Quanto no meu sorriso.
Vive-se por mim,
Morre-se por mim,
Sobrevive-se sem mim.
Eu sou começo e fim,
E todo o meio.

Sou seu objetivo,
Sua razão que a razão
Ignora e desconhece.
Tenho milhões de definições,
Todas certas,
Todas imperfeitas,
Todas lógicas apenas
Em motivações pessoais,
Todas corretas,
Todas erradas.

Sou tudo,
Sem mim, tudo é nada.
Sou amanhecer,
Sou Fênix,
Renasço das cinzas,
Sei quando tenho que morrer,
Sei que sempre irei renascer.
Mudo protagonista,
Nunca a história.

Mudo de cenário,
Mas não de roteiro.
Sou música,
Ecôo, reverbero, sacudo.
Sou fogo,
Queimo, destruo, incinero.
Sou água,
Afogo, inundo, invado.
Sou tempo,
Sem medidas, sem marcações.
Sou clima,
Proporcional a minha fase.
Sou vento,
Arrasto, balanço, carrego.
Sou furacão,
Destruo, devasto, arraso.
Mas sou tijolo,
Construo, recomeço...


Sou cada estação,
No seu apogeu e glória.
Sou seu problema
E sua solução.
Sou seu veneno
E seu antídoto
Sou sua memória
E seu esquecimento.
Eu sou seu reino, seu altar
E seu trono.
Sou sua prisão,
Sou seu abandono e
Sou sua liberdade.
Sua luz,
Sua escuridão
E seu desejo de ambas,
Velo seu sono...

Poderia continuar me descrevendo
Mas já te dei uma idéia do que sou.
Muito prazer, tenho vários nomes,
Mas aqui, na sua terra,
Chamam-me de AMOR.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Esta Impaciência...

Esta impaciência que me divide
esta melancolia que me entontece
este desejo pungente de estar um pouco em toda parte
esta incapacidade de aquietar-me
este sonho de ser depressa, antes da morte
de ser o que?
de concluir que destino longamente esperado,
entrevisto na bruma de dias não vividos,
no sonho de noites calmamente extintas?
- de ser estritamente o servidor adequado,
o mensageiro que entrega a mensagem no exato instante
o servidor que dá conta de seu trabalho no prazo certo
o que ouve o chamado e vai,
recebe as ordens e cumpre,
e dá todos os dias de seu tempo humano
para esse fim obscuro,
e está continuamente correndo por dentro de si,
em varandas, passadiços, subterrâneos,
apenas entrevendo em adeuses a estrela que ama,
o pássaro que o comove,
a extensão da terra iluminada, do mar imenso
por onde, entre suas tarefas,
suspiro, saudade, esperança, obediência, renuncia,
em pensamentos foge,
em pensamentos volta,
subitamente enfermo da culpa
de assim fugir,
de assim voltar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Ainda há tempo...

Ainda há tempo...

de realizar o que ainda não fiz,
atitudes certas ou erradas
que pra sempre fiquem marcadas
no livro da vida que hoje refiz...
Afinal, o que é certo e errado?
Em qual livro está registrado
que errei quando quis ser feliz,
que acertei no que ainda não fiz?

Ainda há tempo...

De andar na contra-mão do tempo,
de sorrir vendo a vida passar,
suavemente deixar-me levar
sem correntes, sem querer relutar...
De morder a maçã proibida
e sentir sensação esquisita,
guardar no que irá resultar...

Ainda há tempo...

De olhar violetas na janela,
ver o raio de sol bater nelas,
num “insight”suas cores enxergar...
E se porventura me decepcionar
numa rede deitar, balançar,
ver no céu estrelas a piscar
onde a lua me pede, atrevida,
que me apaixone de novo pela vida.

Ainda há tempo...

De me olhar no espelho, de frente,
desnudar a alma que a ele não mente,
dilacerar a dor, livrar-me de qualquer dilema,
ser poeta, escrever um poema
onde os versos só falem do amor
que mantive guardado em meu peito
e que já não dá mais pra calar...

Ainda há tempo...

De viver novo tempo de paz
no agora que está em minhas mãos...
Amanhã, talvez,
seja tarde demais.

Inspiraçao...

Espero serenamente fluir-me a inspiração...
Então navego, trafego pra onde quero ir...
Pra onde me lança o mais etéreo pensamento,
bem longe, onde ninguém possa alcançar
onde nunca a asa da imaginação irá pousar.

Transito entre versos que escrevo...
Eles me levam pra onde bem almejo...
Pé ante pé, correndo, a flutuar
quando irrompe em minh’alma o vazio
e feito nuvem carregada, transbordar sentimentos.

Só a inspiração me livra desse gerúndio infindo
que tende a eternizar as ações do dia a dia,
cotidiano insano a se infiltrar em meu espírito
que a divagar vagueia espalhando poesia,
concretizando em versos o inverso da utopia.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Homenagem ao dia do Amigo!

Os verdadeiros amigos são as poesias da vida
Eles enchem nossos dias de cores, rimas, e
nos seguram as mãos quando o caminhar
parece difícil.

Eles nos mostram que mesmo em dias
nublados o sol está no mesmo lugar!

E nos ensinam que a chuva pode ser
uma canção de ninar,
Nas noites frias, solitárias, e vazias.

A vocês meus amigos.
Desejo que...
Os raios do sol inundem a tua vida
e encham teu dia de alegria!

Que teu sol interior seja perene
mesmo que esteja chovendo.

Que o amor te mantenha aquecido,
mesmo que esteja frio.

Que teu jardim do coração esteja
sempre florido, mesmo que seja
inverno ou que esteja nevando.

Que o anoitecer abra a sua cortina
coum bailado de lindas estrelas
mesmo que não haja lua
e o céu esteja sombrio.

Que Deus esteja ao teu lado e
retire todas as pedras que
estejam no teu caminho.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Divagando e Teclando!

Eu não estava nos planos dele, Ele também não estava nos meus, mas enfim...aconteceu!"

Uma história intrigante, provavelmente muitos já viveram esse instante...mas eu vou tentar contar...

Foi via internet... que cofre de surpresas, que local estranho que nos faz colocar todos os segredos sobre a mesa...

E a gente pensa, acha, tem certeza, que foi aquela pessoa em especial que conseguiu a chave dos nossos mistérios, que atravessou sem esforços nosso rio de dúvidas, que invadiu nosso calabouço de conflitos e os desfez de uma só vez.

Tantos enganos... somos todos iguais, não existe essa quantidade de pessoas especiais.

Mas toda hora, todo dia, alguém em frente a um computador encontra o seu grande amor.

E então me pergunto, por que na vida real isso não acontece igual?

Mas pensando bem, descobri que por detrás de tudo isso existe uma simples explicação:

No dia a dia, as pessoas não se confiam, não se procuram, não se aceitam e não suportam os defeitos. Via internet tudo ficou mais fácil, eu lhe conto meus problemas e você quer ouví-los;

Eu lhe peço soluções e você se apressa em dá-las;

Se eu preciso de um carinho, você jamais me abandona sozinho;

Se suplico por um afago, você inevitavelmente se coloca do meu lado;

Se eu estou em desatino, você nunca me atropela, sempre tenta me acalmar e se põe eternamente a me esperar.

No virtual tudo é tão fácil, rápido e sem problemas, aqui não existem fronteiras, nada que se diga é visto como besteira.

Mulheres não tem dores de cabeça;

Homens não chegam do trabalho cansados;

Mulheres sempre são parceiras;

Homens estão sempre animados;

Defeitos não se encontram em nenhum dos dois;

Todos somos feitos de sonhos, é, sonhos, aquela coisinha insignificante que atualmente anda tão distante , que se julgava não existir mais no ser humano.

Engano! Nós, embora muitas vezes negando, ainda vivemos por aí divagando.

A idade não importa, adolescentes se fazem adultos, idosos se transformam em crianças, jovens fazem brotar aquele sentimento do qual são os maiores donos, o amor.

A sedução que até então estava tão dilacerada na vida real, aqui no virtual tomou um novo rumo.

Voltou-se finalmente a seduzir com palavras, com doces "cantadas", fomos enfim obrigados a criar frases bem elaboradas e saber colocá-las na hora certa, no momento exato, caso contrário tudo acaba em fracasso.

No virtual, a arma de todos é igual. Não importa se você é bonita ou se é esquisita, não faz mal se ele é genioso e teimoso.

Atrás de um computador, some qualquer dor, os problemas insolúveis da vida real nem precisam ser contados, podem ser escondidos e descartados.

Ela nem precisa saber que você é casado, assim como você também não irá descobrir que ela já passou dos quarenta e no entanto inventa que acabou de fazer vinte e seis, o que é perfeito pra vocês.

Aí acontece de alguém querer uma foto do outro, escolhe-se os melhores ângulos para tirá-la ou pode até ser uma foto do passado, daquelas que estão no armário trancado.

Mas será que ao fim de tudo somos mesmo aquilo que passamos? Ou será que só lidamos com um amontoado de sonhos?

Será que temos aquele rosto? Ainda é aquele mesmo cabelo? O corpo ainda tem o mesmo relevo e o mesmo cheiro?

Será que aquela simpatia toda é verdadeira ou obra do virtual? Será que o mundo que expusemos é real?

Criam-se personagens a todo instante... gente séria, gente alegre, gente competente, inteligente, gente amiga e influente. Gente dominadora, gente meiga, e gente traiçoeira.

Mas com tudo isso o amor vai acontecendo desnorteado dentro dos corações, se iludindo com meras palavras, atravessando difíceis estradas.

E então chegam os entendidos em internet, aqueles que jamais colocaram seus dedinhos a teclar e começam a nos julgar: Internet? Só tem gente carente, gente inconseqüente...

Humm, e quem disse que os carentes só vivem por aqui? Eles estão em toda parte, foi uma raça que se alastrou, dominou o mundo.

Somos todos, unidos ou perdidos, muitos ou poucos, invisíveis ou aparentes... mas carentes.... Carentes de amor, de amizades, de mão amiga, de olhar afetuoso, de um sorriso gostoso, de um bom dia com alegria.

No virtual ou no real, tudo se faz igual, a única diferença é que aqui... temos tempo... tempo pra descobrir as pessoas, tempo pra enganá-las, tempo pra seduzi-las e depois deixá-las, tempo até pra perdoá-las.

Aqui temos tempo pra sofrer, chorar e nos arrepender, enquanto que no real a nossa rotina é sempre igual, dominou nosso coração e nos jogou na solidão, nos impedindo de ter tempo para um bom tempo, nos jogando de frente com os problemas e não dando tempo pra ninguém nos ouvir.

No real não temos nem mais tempo pra nos iludir... e a ilusão embora nos traga muita decepção é necessária, é pertinente e acaba por ser solidária à nossa solidão e à nossa emoção.

Então... vamos sonhar... se ele ou ela não aparecer, também não vamos sofrer, apenas continuemos a viver, unidos ou separados, no virtual ou no real, mergulhados nas emoções, envoltos nas ilusões... e que a internet consiga trazer soluções, e quem sabe resolver as minhas, as suas, as nossas ... questões!!!

Ih, me desculpem, me perdi no devaneio e sai do meu roteiro. Afinal vim aqui pra contar de um certo amor não foi? Um amor que começou via internet....

Bem, fica pra uma outra vez, só posso adiantar mesmo o que disse no início, que ambos não estavam um nos planos do outro... e ainda assim é incrível, indescritível... rezo todos os dias para nao acabar... uma tempestade ... de corações... de sensações... de amores ... de brincadeiras... e de confusoes....

(mas olha, ela sonha todas as noites com ele)

Afinidade

Não é o mais brilhante,
mas é o mais sútil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
Não importa o tempo, a ausência,
os adiantamentos, a distância, as impossibilidades.
Quando há AFINIDADE,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto, no exato ponto
de onde foi interrompido.

AFINIDADE é não haver
tempo mediante a vida.
É a vitória do adivinhado sobre o real,
do subjetivo sobre o objetivo,
do permanente sobre o passageiro,
do básico sobre o superficial.

Ter AFINIDADE é muito raro,
mas quando ela existe,
não precisa de códigos
verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois que as
pessoas deixam de estar juntas.

AFINIDADE é ficar longe,
pensando parecido a
respeito dos mesmos fatos que
impressionam, comovem, sensibilizam.

AFINIDADE é receber o que vem
de dentro com uma aceitação
anterior ao entendimento.

AFINIDADE é sentir com...
Nem sentir contra, sem sentir para...
Sentir com e não ter necessidade de
explicação do que está sentindo.
É olhar e perceber.

AFINIDADE é um sentimento singular,
discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância,
mas é adivinhado na maneira de falar,
de escrever, de andar, de respirar.....

AFINIDADE é retomar a relação
no tempo em que parou.
Porque ele (tempo) e
ela (separação) nunca existiram.
Foi apenas a oportunidade dada (tirada)
pelo tempo para que a maturação
pudesse ocorrer e que cada
pessoa pudesse ser cada vez mais.

Blackmore's Night - Ghost of a Rose



Minha música! hehehe... Remember me...

"Promise me , when you see, a white rose you'll think of me
I love you so,
Never let go,
I will be your ghost of a rose..."

sábado, 10 de julho de 2010

LIBERDADE... AINDA QUE TARDIA!

Se a paz tão desejada está morrendo,
De temor minha alma se toma.
Por todos os lados tantos vejo chorando,
Se não há paz, extingue da liberdade a chama.

No fervor das minhas emoções
Meus sonhos se põem em alvoroço,
Neles eu tenho estranhas visões,
Neles eu sofro neles eu padeço.

A roda da vida gira sem parar,
Ela é feita de bons e maus momentos,
Instantes de rir, outros de chorar,
Rir de alegria, chorar de sofrimento.

Tu eras a minha paz, meu bem-querer,
Mas te foste e minha vida ficou vazia.
A partir daí, não tive mais alvorecer,
Só ficou uma tenebrosa noite e muita agonia

Ausência coisa que eu nunca havia sentido,
Eu sei agora, quão dolorida se faz,
Por não ver em teus olhos refletidos
O sorriso em meu rosto, expressão da minha paz.

Entre nós ficou um imenso vazio,
Mais não cabe nele, toda minha saudade.
Não há calor que me aqueça o frio
Que deixaste se por cruel nocao falsa de liberdade.

As alegrias que eram minhas de direito,
Tu as esmagaste sob teus pés
E o coração que bate em meu peito,
Tornou-se escravo do lado ruim que és.

Faltou-me a paz, acabou-se minha liberdade!
Foi exatamente assim que eu pensei,
Entretanto em um lampejo de dignidade,
Rompi grilhões e do passado me libertei.

“Libertas quae sera tamen”

terça-feira, 6 de julho de 2010

Comprimidos...


O quarto é escuro e bolorento...


T está encostado junto a um sofá roto, deitado no chão a segurar uma folha de jornal rasgada... olha para a janela suja e fria, por onde a luz dos candeeiros cria sombras fugazes...levanta-se, vagarosamente e fecha a cortina rasgada...um pouco de claridade da lua ainda entra no quarto, iluminando uma pequena mesa com um telefone...

T senta-se,pesado, no sofá e pega no telefone...marca, lentamente, um número...


T: Tou...sou eu...queria ouvir a tua voz...

...

T: Eu sei...estou bem...não, não me esqueço de tomar os comprimidos...

...

T: Sinto-me só...tenho saudades tuas...quando chegas?

...

T: Não, não me esqueço de tomar os compridos...gosto de ouvir a tua voz de mel...

...

T: Sinto a falta do teu toque de veludo...queria tanto que estivesses aqui...

...

T: Queria que me afagasses o cabelo...passasses os dedos longos pelo meu rosto aspero...

...

T: Porque que demoras tanto? Não vens?

...

T: Não...não me esqueço dos comprimidos...trazes os miudos?

...

T: Gosto do barulho que fazem, da alegria que dão...

...

T: Olha, precisamos de falar mais...preciso de conselhos, da tua sabedoria...as pessoas, os idiotas, magoam-me, ferem-me, arranham-me...

...

T: É, dizem-me coisas impossíveis, só para serem más...queriam fazer-me mal...querem que seja infeliz...

...

T: Não, não me esqueço do tomar os comprimidos...as pessoas queriam que eu tomasse mais, mas eu não tomo...más...estúpidas...todas sem um pingo de amor...invejosas...

...

T: São estúpidas... não sei...quando vens para tomar conta de mim?

...

T: Preciso tanto de ti...do teu sorriso de cristal...não vens?

...

T: Sabes aquela foto tua na neve? Perdi-a...queimei-a...queimei todas...por causa das pessoas más e das coisas ignorantes e sem sentido que dizem...Teve de ser...não fiques chateada...anda...vem...

...

T: Mas tenho a tua foto e a dos miúdos aqui na minha mão...mas queria-vos aqui...a foto não chega...

...

T: Fotos também são ilusões...o teu toque é real...anda...anda ter comigo...acaba com a minha solidão...

...

T: Não, não me esqueço de tomar os comprimidos...estou cansado...espero por ti deitado, pode ser?

...

T: Fome...fome só de ti e do teu toque..anda...estou cansado...anda...

...

T: Volta para mim, meu amor...

T deixa cair o telefone e levanta-se, sonolento, embriagado, tosco, comatoso...caem os compridos ao chão e espalham-se pelo tapete sujo e poeirento...

T recolhe-se numa manta junto ao chão e adormece... da mão cai-lhe um recorte de jornal rasgado, com uma foto de uma rapariga e de duas crianças...o titulo, iluminado pelo luar..."Jovem e dois filhos morrem em trágico acidente de viação"...

O telefone, fora do descanso, repete, vez após vez... "após o sinal...serão duas horas e quarenta e três minutos...beep, beep...

(Autor Desconhecido)

Carrossel

Encontrei essas versos em um antigo caderno, aqui no meu escritório.
Que momento sublime, estrou transcreveendo-os bebendo vinho e ouvindo Pink floyd...




E não é um carrossel cheio de bichinhos felizes
Como nos diziam que seria em nossa infância
Isso mesmo…
É mais aquele carrossel de um parque decadente
Cheio de espelhos empoeirados
Luzes que falham
E a música surreal
E eis que ele gira na mesma direção
E não te permite voltar atrás
E consertar o momento em que você errou


É sempre em frente…
Mesmo que em frente seja igual ao que ficou para trás


E sempre tem alguém do lado de fora
Assistindo parado
Para quem você deve sorrir e fingir que está tudo bem..


E essa pessoa do lado de fora
Sorri de volta
Mesmo fingindo que não sente falta do tempo
Em que ela podia andar no carrossel


E as duas verdades iguais, porém distantes
Nunca se encontram
Mas, se esgotam tentando se descobrir


Duas verdades igualmente iludidas
Uma atordoada pelo rodopio
E a outra deslumbrada pelo esquecimento de quem já não sai mais do lugar


Aquela que assiste conhece a próxima volta
Aquela que gira, espera pelo fim…
O último sinal
E não sabe ao certo se é este o fim
Ou um novo começo
Rumo ao incerto…


“mais uma volta no carrossel”

Andrew Bird



Gosto maneira simples e ao mesmo tempo complexa da música deste rapaz (Andrew Bird).
É uma espécie de filigrana, uma seda finamente tecida, a que se vão acrescentando camadas.
E mais. E mais. E de repente tudo se destroi, e começa de novo.
O instrumento é usado no máximo da sua potencialidade, ora alegre e saltitante, ora triste e melancólico. A voz. O assobio.

Tudo encaixa na perfeição ! Muito bom.

domingo, 4 de julho de 2010

Vamos economizar, aproveitem o vôo...

Viu como o mais importante é o futebol mostrado?
Um fechou tudo e agiu com disciplina total.
Outro, fumou charuto à beira do campo, liberou churrasco e algum sexo.
No futebol, o estilo adotado pelo chefe não tem grande peso.
Vale mesmo é a bola. E a Jabulani foi madrasta ou não, para todos até agora…
Mas a bola aqui é futebol jogado.
Tem futebol? Então continua. Não tem? Volta pra casa.
Já que o fraco futebol do Brasil estragou o sonho dos esperançosos e a apresentação da Argentina revelou que só milonga não resolve, ambas poderiam, pelo menos, pensar em custos.
Evitar o consumo desnecessário de combustível e todos os malefícios que ele provoca.
Poderiam usar o mesmo avião. Um só avião. Abaixo despesas malucas e irresponsáveis.
E todo mundo sabe que os dirigentes brasileiros e argentinos cuidam muito bem dos cofres de suas entidades.
Com escalas no Rio, São Paulo, Porto Alegre e Buenos Aires. É caminho. É racional.
À bordo, os treinadores poderiam trocar experiências. Já imaginaram?
Os jogadores falariam, apesar da derrota, das atuais “duas melhores escolas de futebol do mundo”.
Os dirigentes teriam tempo para afirmar que mesmo derrotados, o futebol brasileiro e argentino continuam tirando o sono dos adversários.
E isso pode ser visto claramente, os adversários de Brasil e Argentina estão sem dormir até agora.
O mundo do futebol tem tremedeira quando sabe que terá pela frente essas potências inabaláveis.
Claro, eu não seria aceito neste avião repleto de astros, mas tenho quase certeza que muita gente lá dentro diria que tudo foi feito certinho.
Cada lado fez o melhor possível. Ninguém faria mais ou melhor.
“Se depender de mim - diria um dos nossos - vou fazer tudo igual para 2014″.
“Estava pensando a mesma coisa - concordaria um deles - vamos repetir tudo na próxima copa”.
E ao mesmo tempo, os dois falariam: “nada de ouvir críticas e alertas dessa imprensa golpista”.
Apertem os cintos.