quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Indiferença...

"[...] É dessa massa que somos feitos? Metade de indiferença, metade de ruindade."
(José Saramago - Ensaio sobre Cegueira)


Escondidos no silêncio e no temor
Ficaram os homens
Cansados, não mais se fazem ouvir
Não buscam o bem comum
Optaram pelo descaso 
Resolvendo só cuidar
Da própria casa


Viram a revolta dos mares
A sede das florestas
O quedar de troncos ...
Isso não mais os afetava
Permaneciam a cuidar da própria casa

              
Viram o vento traiçoeiro
E apenas o consideraram arteiro
Enquanto não lhes tirava nada
Cuidavam da própria casa
 
Caminhos cinzentos
Nuvens escuras
Passos incertos ...

 
O que cobre o desequilíbrio, o desalinho,
E traz o desatino?
O que esconde a beleza
Do ato de estender as mãos,
Expondo apenas tristeza?

                                                            
O silêncio dos muitos
Que não querem se envolver
Nas mazelas do mundo,
As corridas pro nada
Que só provocam desesperança,
Os espaços roubados
Com alguém a usufruir,
Maltrapilhos já cansados
De esperar e de pedir
O que lhes foi doado
 
E outros estão a consumir
Não há falta de regras,
Mas de luz, de lealdade, de bondade,
Não há falta sonhos,
Mas excesso de egoísmo e zero de solidariedade,
De vozes que se sobreponham
Aos terríveis algozes
Que se refastelam no poder...
                                                        
                              
Desprezando as necessidades
De quem, tão somente,
Deseja condições pra ser alguém ,
De verdade,
Sem medo de poder dizer
Que está vivo, mas abandonado e invisível,
Pois não o querem ver
Os que alimentam a indiferença,
Na crença de que nada lhes diz respeito
E com esse aprimorado jeito
Só cuidam da própria casa...

Dá própria casa!

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