domingo, 19 de setembro de 2010

Generalizando... Ou não?!?!

Ah, as generalizações! Não sei que humorista escreveu isso, mas a frase é boa: “Todas as generalizações são perigosas – inclusive esta.” Implicamos com as generalizações, dizemos que toda regra tem sua exceção (e, se isso é uma regra, então também tem uma exceção?), queremos ser diferentes, não somos farinha do mesmo saco. Basta ver a confusão que pode dar quando se fala de estereótipos do tipo ’todo X é assim’. Não, não é. Eu sou diferente.
E, no entanto, generalizações são necessárias. Imagina, por exemplo, onde a Medicina estaria se os cientistas fincassem pé nas exceções? Medicamentos, diagnósticos, tratamentos, tudo isso existe porque o pessoal pode, em um dado momento e seguindo critérios rigorosos, generalizar. Experimentos, protocolos, testes, gráficos, estudos publicados, voilà, eis a generalização. Até alguém achar um furo na história e começar tudo de novo.

Mas o que eu acho mais divertido é o uso que nós, pobres mortais que não vivemos de gráficos e citações acadêmicas, fazemos disso tudo. Porque (generalizando, claro!) as pessoas costumam escolher generalizar ou não quando convém. Os estudos apontam para os males provocados pelo cigarro, mas fala isso pra um chaminé ambulante e ele vai te contar do avô que fumava cigarro sem filtro e morreu aos 98 anos. Porque caiu da escada. Os médicos podem listar os perigos que a obesidade e o sedentarismo trazem para o cerumano, mas você sempre vai encontrar um gordo pra te convencer de que ele não tem qualquer problema e goza de ótima saúde, e que a avó de 98 anos cozinhava na banha de porco e era super saudável. A lei diz que você não pode beber e dirigir, mas o bebum com a chave do carro na mão vai jurar e tentar te provar que está joínha pra voltar pra casa no volante. Nessas horas, porque convém, a gente quer mais é ser a exceção.

De repente, é só a gente querer e olha aí a generalização, frequentemente baseada em nada mais do que as nossas próprias impressões. Quem lê X é de direita/esquerda e vota em Fulano/Beltrano. Ateus/crentes são assim, homens (ou mulheres) são todos iguais, ah, você é desse jeito porque nasceu com Marte em Escorpião na primeira casa - seja lá o que isso signifique. Sem mais nem menos, passamos a ser do bando, ou queremos colocar todos aqueles diferentes de nós no mesmo balaio.

E o mais interessante é que, em geral, a gente nem percebe que está fazendo isso. O pêndulo pode ir de um lado pra outro, mas teimamos em acreditar que somos esse poço de coerência. O mundo balança de lá pra cá, mas nós não, nós seguimos firmes. Temos aquele monte de certezas, as incongruências estão nos outros. O cerumano é mesmo um bicho muito engraçado. Quer dizer, generalizando, né. Ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário